A pedido.

Utilidade ultrapassada, 
pessoas descartáveis.

   -Anônimo          
Em busca pelo significado da palavra utilidade, encontrei ‘serventia, qualidade do que é útil’. Vamos analisar um exemplo: o celular. Qual a utilidade real deste aparelho? Isso é relativo. Para mim, serve para receber e fazer ligações e enviar esporádicos sms, mas sabemos que sua utilidade vai além: acessar redes sociais, câmera, etc. Sua utilidade finda quando surge um modelo novo, mais atual, com muito mais opções de interação.

Vivemos numa sociedade descartável, permeada pelo relativismo, consumismo, individualismo, enfim, uma lista longa de ‘ismos’. Mas isso não é novidade, qualquer indivíduo com um mínimo de informação tem consciência disso, afinal vivemos na sociedade da informação, das redes sociais. Discorrer sobre isso é redundância.

Mas então, qual o problema? Substituímos algo quando ele não nos serve, óbvio. Mas quando as pessoas se tornam descartáveis? Você que se dispôs a ler este “post”, deve estar se perguntando se isto é possível, pois vemos diariamente nas redes sociais postagem de pessoas que se preocupam, amam e cuidam. Discursos frequentes de amor ao próximo, de caridade, de pessoas cheias de fé, preocupadas com direitos humanos (e, principalmente, dos animais ... nada contra animais, mas amo mais gente do que animal, com todas as suas misérias e imperfeições).

No mundo real, de pessoas reais, que não é tão bonito quanto o das redes sociais, as pessoas também estão com prazo de validade, deixando de ser úteis e substituídas por outras. Penso que chegamos ao limite da insensibilidade, mas realista que sou, acredito que pode piorar. Abandonar alguém que um dia amamos, à qual nos foi útil quando tinha saúde , dinheiro e certa beleza e deixá-la à mercê de estranhos para definhar na solidão e precariedade, me parece inconcebível. Amar e cuidar de quem merece é fácil demais, mas é preciso coragem para amar quem precisa. É fácil amar pessoas de riso fácil, de convivência pacífica, realizadas pessoalmente e profissionalmente . Difícil mesmo é amar o enfermo, o genioso, o complicado, inconstante. Recorrendo a um determinado clichê das redes sociais : “Isso é para os fortes!”

Vivemos em uma sociedade que diariamente nos recorda a importância da reutilização, e, por vezes, nos impõe, através de mecanismos legais, que usemos por mais tempo, determinadas coisas para não sobrecarregar o nosso meio. Penso que campanhas deveriam ser desenvolvidas nos meios informativos considerando a importância da reutilização de pessoas. Deixemos de ser politicamente corretos! De que adianta um mundo verde, limpo e saudável, se os nossos valores perderam a utilidade? Será utopia acreditar que pessoas valem mais do que aparelhos moderníssimos de celular, que não podemos substituí-las tão rapidamente e deveríamos ter um pouco mais de paciência e aplicar na vida real o que defendemos nas redes sociais?