**Marcio Paulik Uma das minhas maiores satisfações é conversar com as pessoas. Gosto de conhecer como elas vivem, o que pensam sobre os mais variados assuntos e quais as dificuldades enfrentam no seu dia a dia. Foi com isso em mente que criei a Caravana 12. Nos últimos dias percorri Wenceslau Braz, Siqueira Campos e Jaguariaíva no Norte Pioneiro; Imbaú, Reserva, Arapoti e Piraí do Sul nos Campos Gerais. Discuti com a população saúde, segurança e geração de emprego.
Acredito que os municípios precisam de autonomia e independência. Isso significa que os impostos gerados por uma cidade precisam ser utilizados prioritariamente para beneficiar a sua população. Recentemente, Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) divulgou a estimativa de arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) prevista para 2014 no estado. Ponta Grossa é o sexto município com maior arrecadação, ultrapassando a marca dos R$ 126 milhões. A estimativa de recolhimento em Telêmaco Borba é de R$ 48,4 milhões, R$ 45 milhões em Castro e R$ 44,7 milhões em Campo Largo. Os números são expressivos, mas apenas uma pequena parcela desses recursos retorna para o município.
Defendo que os cidadãos de pequenas e médias cidades encontrem no próprio município os cuidados que necessitam com a saúde básica, educação de qualidade, condições de moradia, boas oportunidades de emprego e opções de lazer. Acredito que as pessoas não devem precisar se deslocar para os grandes centros em busca de atendimento médico ou crescimento profissional, por exemplo.
É preciso que o poder público olhe com mais carinho para essas cidades. Atualmente, as capitais estão perdendo força para o interior. Pesquisa realizada pelo instituto IPC Marketing mostra que, em 1991 o potencial de consumo das capitais representava 46% do total nacional. Neste ano, o interior detém 68% do potencial do consumo de todo o Brasil. Indústrias estão procurando pequenas e médias cidades para empreender. A falta de espaço e o alto custo inviabilizam investimentos nas capitais e isso acaba gerando mais emprego e renda no interior.
A região dos Campos Gerais, por exemplo, dobrou seu potencial de consumo no meio urbano nos últimos cinco anos. O índice passou de R$ 7,8 bilhões em 2009 para R$ 15 bilhões em 2014. No estudo da IPC Marketing, Ponta Grossa ocupa a 4º posição do ranking estadual e o potencial de consumo do município em 2014 é de R$ 6,4 bilhões. O índice ultrapassa a marca de R$ 1,2 bilhão em Telêmaco Borba e o consumo em Castro chegará a R$ 1 bilhão neste ano. O mesmo vem acontecendo no Norte Pioneiro, no Oeste e demais regiões do Paraná.
Cabe ao poder público de cada município aproveitar essa boa fase e transformar esses números em benefícios reais para a população. A atração de grandes indústrias e multinacionais é importante, mas não podemos deixar de incentivar a atuação dos pequenos empresários. O comércio local gera grande parte das vagas de trabalho e movimenta a economia da cidade.
A força de uma cidade é reflexo da região onde ela está instalada. Só existe município próspero se a região onde ela está instalada também for desenvolvida. As cidades têm a obrigação de contribuir para o sucesso do seu entorno e juntas podem fazer muito mais pela população. O Paraná tem um potencial incrível que precisa ser explorado com a autonomia e a independência de todos os municípios.
Acredito que é olhando para as cidades do interior e para os microempreendedores que vamos descobrir todo o potencial do nosso país. Com determinação, planejamento estratégico e transparência podemos transformar o Paraná em exemplo de desenvolvimento e empreendedorismo.
**Marcio Pauliki é formado em administração pela UEPG, especialista em Gestão Empresarial pela FGV com cursos de extensão em Administração e Marketing pela London University (Inglaterra) e University of Berkeley (EUA).